domingo, 16 de novembro de 2008

"Havia pouca luz. Talvez fossem as primeiras horas antes do amanhecer. As árvores tinham copas espaçadas; os primeiros raios de sol passavam por elas.
A terra estava úmida debaixo de seus pés descalços. Não havia muito vento, mas estava frio.
Ela parou a caminhada para um momento de orientação. Não havia nada além das árvores.
"Melhor seguir em frente"
Depois do primeiro paso, um puxão em seu casaco, uma respiração em sua nuca:
"Eu estou aqui."


-Querem me matar.

Ela acordou. O céu ainda estava escuro, ainda havia estrelas.

-Você me chamou?

-Querem me matar.

-Quem?

-Não sei.

Ela levantou e foi até o banheiro. Os olhos que a encararam do espelho tinham olheiras das noites mal dormidas.

-O que houve?

-Até você me deu as costas.

A mão ao ombro; o desejo reprimido de revirar os olhos.

-Quando?

-Ontem à noite.

-Eu simplesmente fui dormir...

Um afago, passos em direção à cama; o contato da seda com o rosto. Um suspiro...

O céu estava roxo. As estrelas desapareciam lentamente, deixando um anseio, como a voz acolhedora que só tinha vida em seus sonhos.